As estratégias de remuneração nunca mais foram as mesmas depois que se tornou possível que sejam atreladas aos programas de benefícios flexíveis. A aplicação de novos modelos de remuneração é uma das principais transformações pelas quais as empresas, no Brasil e mundo afora, vêm passando. Isso porque, a adoção de recompensas, para além do salário fixo tradicional, é, mais do que uma tendência, uma evolução, e que faz parte da gestão do RH estratégico, interessado cada vez mais em promover uma conexão profunda e duradoura entre profissionais e empresas.   “Os benefícios flexíveis representam uma disrupção na área de RH, por permitirem amplificar a experiência dos funcionários, que começam a ganhar coautoria”, declarou, durante palestra no Simpósio Bematize 2018, o consultor Antônio Linhares, da EY Consultoria, laureado com o Prêmio Personalidade de RH 2018, da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD-PR).   Antônio Linhares destacou que os altos custos com a atração de talentos leva as empresas a repensarem as estratégias de remuneração, para investir na retenção dessas pessoas. Assim, com um bom desenho de um programa de benefícios, esse objetivo pode ser alcançado, e com redução de custos.   “Existem diferentes formas de montar programas de benefícios, os pré-moldados, o menu de opções com pontuações, e o formato de reembolso, que aqui no Brasil é menos aplicado em razão das limitações legais, mas em outros países tem efeitos ainda melhores na ampliação da experiência dos empregados”, comentou.   Outra estratégia destacada pelo consultor é a concessão de benefícios considerando a performance de cada profissional. “Nesse caso é preciso um forte olhar de compliance para ver as melhores alternativas, conhecer os riscos e fazer a flexibilização da forma mais tranquila e segura, com análises jurídicas. O alto nível de organização do RH e a consistência na metodologia de pontuação, com suporte ao empregado nessa escolha no primeiro momento, são essenciais, assim como o sistema para implantar o programa de benefícios flexíveis, considerando questões trabalhistas e previdenciárias”, detalhou Linhares.   O consultor alertou sobre o fato de que “vivemos na era do propósito, e o RH pode ser vetor dessa nova experiência”. Ele defendeu que é preciso evitar o risco de acreditar que as pessoas têm uma trajetória linear e sempre ascendente na carreira profissional. “Vivemos contextos completamente novos e também construímos novas referências. Muitas coisas estão sendo criadas nesse instante e amanhã podem cair por terra. É por isso que nem modelos inflexíveis nem padronizações correspondem à realidade. O colaborador cocria a realidade também no que se refere ao pacote de remuneração. É um espaço para melhorar a experiência. Tudo bem diverso do que existia anteriormente”, ensinou.   Seguindo o raciocínio sobre as transformações vividas nos últimos anos, Antônio Linhares destaca o crescente protagonismo dos RHs, tradicionalmente áreas de suporte, e que hoje precisam entender sobre o negócio, comprar competências do mercado; e quem vende essa competência, o empregado, “vira um consultor, que tem de ser protagonista, saber trabalhar essa entrega, e pensar quais experiências quer vivenciar”.   Mais a fundo na questão, Linhares aposta que, para os profissionais, fazer uma carreira tem hoje menos importância do que “saber onde a própria experiência tem mais significado”. Ele defende, portanto, que a relação entre empresas e funcionários chega a um novo patamar. “Por isso já existem empresas que não têm empregados, mas fãs. Flexibilizar benefícios é permitir essa experiência”.   Implantar um programa de benefícios flexíveis na empresa significa, na prática, colocar os funcionários no centro das decisões. Para Antônio Linhares, essa iniciativa é capaz de gerar, mais do que engajamento, inspiração. Seções de design thinking servem para construir essas novas experiências, mais significativas e autênticas”, ressaltou.   Na próxima matéria da série sobre o Simpósio, conheça a experiência bem-sucedida do iFood na implantação do seu programa de benefícios flexíveis.