Poucas coisas são tão nocivas à saúde mental quanto um trabalho que não traz realização e satisfação. Isso se deve, sobretudo, ao fato de que grande parte do tempo da vida adulta é passado no local de trabalho. Ansiedade, estresse e depressão são os problemas mais comuns e acabam tendo impacto na produtividade, ou seja, o ambiente é nocivo para a pessoa e, emocionalmente abalada, ela também vai deixar de dar o seu melhor, prejudicando o desempenho da empresa.   A Organização Mundial da Saúde já divulgou estudo que confirma essas consequências negativas de um ambiente de trabalho problemático e que estima em 1 trilhão de dólares o custo para a economia global da perda da produtividade em razão dos transtornos mentais. Também a OMS informou que tais transtornos serão a principal causa de incapacitação no mundo em 2030, e a depressão será a primeira causa de morbidade.   Embora os problemas emocionais estejam entre as causas mais comuns de faltas no trabalho, o assunto ainda não é abordado com naturalidade. Muita gente usa os termos “ansioso”, “bipolar” e “estressado”, por exemplo, de maneira depreciativa, para se referir a pessoas com as quais não compartilham valores ou pelas quais não nutrem simpatia. Além da manutenção dos tabus e preconceitos, não se considera que a maioria dessas doenças é tratável. Mais do que a ausência de doenças, ter saúde mental significa gozar de bem-estar integral, com capacidade de desenvolver os talentos e habilidades, lidar com pressões da rotina e produzir a fim de contribuir com a comunidade e com a empresa. Acontece que, em muitos contextos profissionais, as pessoas se deparam com organizações que falham ao manter chefias autoritárias, cobranças crescentes por produtividade sem que haja a necessária comunicação e contrapartidas, além dos casos de assédio moral e bullying. Tudo isso é capaz de gerar doenças emocionais.   Sem contar a ameaça do desemprego, além dos problemas estruturais de empresas, a exemplo da ausência de recursos e de suporte para a realização das atividades. A ausência de políticas de saúde e segurança, problemas na comunicação entre gestores e equipes, falta de transparência nos processos decisórios, falta de apoio e de clareza sobre os objetivos da organização, jornadas de trabalho pouco flexíveis são outros aspectos nocivos. No entanto, cada vez mais empresas têm investido em programas de saúde que contemplam o bem-estar integral, além de haver maior atenção às questões de assédio, relações problemáticas e equívocos na gestão de pessoas.   Uma gestão atenta à qualidade do ambiente de trabalho pode desenvolver diversas iniciativas para contribuir com a saúde mental dos funcionários e, inclusive, acompanhar de perto momentos de instabilidade vividos pelas pessoas, com a possibilidade de ajudá-las a superar dificuldades, com respeito e confidencialidade. Desde a flexilidade da jornada de trabalho, o redesenho de funções e atividades, e políticas para a melhoria dos relacionamentos, até a orientação para terapias e auxílio profissional, dentro e fora da organização.