Dentro de cada um de nós estão todas as respostas que procuramos e a conexão com essa sabedoria interior é alcançada pela meditação, é o que prega há milênios a filosofia budista. Nas últimas décadas, cientistas em todo o mundo vêm estudando o tema, isolado do seu aspecto religioso, e confirmam os diversos benefícios das práticas meditativas. Como resultado, esses estudiosos propõem técnicas inspiradas nessa sabedoria milenar, e uma das mais difundidas é a do mindfulness, a atenção plena que, aplicada durante as rotinas de trabalho, pode aumentar a produtividade e diminuir o estresse. O mindfulness é bem conhecido no Brasil, mas ainda pouco praticado nas empresas. As que estimulam a prática têm esse diferencial inserido em seus programas de bem-estar e benefícios. Em espaços físicos específicos durante o expediente, as pessoas são convidadas a sentar e relaxar por alguns minutos, procurando silenciar e observar os próprios pensamentos. Na prática, essas pausas trazem a atenção do praticante ao momento presente, reduzindo o barulho que a mente produz quando está ligada ao passado ou tentando projetar o futuro. É exatamente por isso que há o ganho do aumento do foco, e consequentemente da produtividade. Foi o pesquisador Jon Kabat-Zinn, da Universidade de Massachusetts, que nos anos 1970 criou um programa de redução de estresse baseado na meditação mindfulness. De lá para cá, a quantidade de pesquisas e a literatura sobre o assunto só crescem, com repercussões nos estudos da neurociência e da inteligência emocional. Não há como questionar os benefícios do mindfulness e técnicas afins, mas como qualquer prática, ela precisa ser adotada com disciplina e perseverança, igual a quando se decide fazer uma atividade esportiva ou uma reeducação alimentar. E ainda que o primeiro contato aconteça em ambiente de trabalho, é preciso levá-la para fora da empresa, para que passe a fazer parte do seu estilo de vida, uma iniciativa que muita gente vem tomando. Um dos exemplos mais emblemáticos é Yuval Noah Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém que já vendeu 15 milhões de exemplares de seus livros em todo o mundo e desponta como um dos pensadores mais influentes da atualidade. O israelense de 42 anos declarou em entrevistas recentes que medita duas horas por dia e não tem smartphone. E é com essa forte conexão interior e declaradamente avesso ao contato virtual promovido pelas redes sociais que ele apresentou ao mundo em suas obras uma das mais apuradas visões sobre a humanidade e os impactos tecnológicos. Ele é o autor do best-seller Sapiens: Uma breve história da humanidade (L&PM), publicado inicialmente em Israel em 2011 e traduzido para 45 idiomas, e lança agora o terceiro livro, 21 lições para o século 21 (Companhia das Letras), onde reúne conteúdos de ensaios de sua autoria. Silenciar enquanto prática que coloca a pessoa em contato consigo mesma é hoje o melhor significado e a mais inteligente utilização dessa palavra. A qualidade do que se vai comunicar nos momentos de extroversão, seja em reuniões de trabalho ou na vida pessoal, certamente será superior, com maior significado, propósito e impactos mais positivos sobre pessoas e circunstâncias. Vale a pena calar e pensar sobre isso.